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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

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Quando te recebi, não fiz promessas – não foi preciso. Só me restava ser fiel e não era a ti, mas a mim e ao que em mim nascera, crescia e se enraizava. Não jurei amar-te, mas amar antes a mim para que, completa, toda eu, resultasse em poder amar a tudo que nos dissesse respeito. Nem prometi que te respeitaria – desde cedo, antes de ti,  sabia que o próprio amor leva na palma das mãos o zelo pelo que mira. Quando te percebi, não previ enfermidades, já que o exercício pleno de todo sentimento nos previne e nos protege, nos cura e nos eleva. Porém, ainda assim, quis ser jovem outra vez para que houvesse mais calendários a virarmos. E pedi aos deuses que nos abençoassem, aos anjos que nos seguissem. Já levava impressas as marcas do tempo que não era pouco e, por um momento, tive orgulho por tanto, por já ter vivido, polido dentro algumas coisas sagradas a compartilhar. Achei que festejariam conosco o fato de teres contigo alguém que te seria leal apenas por consequência, sem deslumbres, desatinos. Que gostariam, os que te amavam, de ver-te seguida pelo arcano da prudência, defesa pelos véus da sensatez própria de quem já viveu o bastante. Olhei para cima e fui grata por desposar não a ti, mas ao que tu causavas e ao que causava-se de volta. Mais de duas mil vezes, depois daquele dia, te ouvi repetir ao pedido – e tinhas brilho nos olhos como se fosse o primeiro ainda. O mesmo, a luzir ansiedade e alegria. E em todas elas te respondi meu Sim. Que seguiria ao lado, mão dada à tua mão, olhos cuidando o caminho que ainda pisarias. “Para sempre, enquanto sempre nos fizer felizes”, dizias. Sem somar os anos passados, olhavas para os que ainda querias não somar mas viver! Sigo igual. Sem prometer-te nada. Sem juras, sem altares, testemunhas; sem buquês, núpcias, alegorias. Mas sigo. E venho ainda pasma diante da beleza que te molda, entontecida, entregue...sem que haja mais nada a fazer senão esperar que perguntes ainda uma outra vez.

Necka Ayala.

26/09/2013

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