Quando
te recebi, não fiz promessas – não foi preciso. Só me restava ser fiel e não
era a ti, mas a mim e ao que em mim nascera, crescia e se enraizava. Não jurei
amar-te, mas amar antes a mim para que, completa, toda eu, resultasse em poder
amar a tudo que nos dissesse respeito. Nem prometi que te respeitaria – desde
cedo, antes de ti, sabia que o próprio
amor leva na palma das mãos o zelo pelo que mira. Quando te percebi, não previ
enfermidades, já que o exercício pleno de todo sentimento nos previne e nos
protege, nos cura e nos eleva. Porém, ainda assim, quis ser jovem outra vez
para que houvesse mais calendários a virarmos. E pedi aos deuses que nos
abençoassem, aos anjos que nos seguissem. Já levava impressas as marcas do
tempo que não era pouco e, por um momento, tive orgulho por tanto, por já ter
vivido, polido dentro algumas coisas sagradas a compartilhar. Achei que
festejariam conosco o fato de teres contigo alguém que te seria leal apenas por
consequência, sem deslumbres, desatinos. Que gostariam, os que te
amavam, de ver-te seguida pelo arcano da prudência, defesa pelos véus da
sensatez própria de quem já viveu o bastante. Olhei para cima e fui grata por
desposar não a ti, mas ao que tu causavas e ao que causava-se de volta. Mais de duas
mil vezes, depois daquele dia, te ouvi repetir ao pedido – e tinhas brilho nos
olhos como se fosse o primeiro ainda. O mesmo, a luzir ansiedade e alegria. E
em todas elas te respondi meu Sim. Que seguiria ao lado, mão dada à tua mão,
olhos cuidando o caminho que ainda pisarias. “Para sempre, enquanto sempre nos
fizer felizes”, dizias. Sem somar os anos passados, olhavas para os que
ainda querias não somar mas viver! Sigo igual. Sem prometer-te nada. Sem juras,
sem altares, testemunhas; sem buquês, núpcias, alegorias. Mas sigo. E venho ainda pasma diante da beleza que te molda, entontecida, entregue...sem que haja
mais nada a fazer senão esperar que perguntes ainda uma outra vez.
Necka
Ayala.
26/09/2013
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