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domingo, 5 de março de 2017

CENTELHA

Era o chão imenso a esperar
A tua imagem no lugar
Se refletindo na vidraça
Tinha graça ao avistar
A tua mão contra o cabelo
O zelo todo que era meu
As minhas coisas todas livres
E o espaço que era teu.

Uma paisagem da varanda
O vento todo pelos vãos
Todos os sim eu pude dar
Quando soltaste a minha mão
O azul nem sempre azul nos olhos
E os meus olhos eram breus
Que esperavam mais estrelas
Irem se deitar com Deus.

Era a permanência da beleza
Na leveza de existir
De um encontro uma só certeza:
Tinha mais ainda por vir.

Todos os teus céus sobre as cidades
Minhas tantas invenções
Eram brinquedos pelo quarto
minhas poucas diversões
teus retornos de repente
devolvendo minha paz
E na nobreza do que havia
Não havia ninguém mais.

A confirmação de uma centelha
Que se espelha sem queimar
De um só gesto todo inesperado
Que foi dado pra durar.
Eram dois pedaços de uma alma
Destinadas a encontrar
A eternidade que viria
Só para nos ver chegar.

Necka Ayala

05/03/2017

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