Não queria
ferir teus apegos. Parecias apreciar aos receios que tinhas contigo, a
hesitação, o medo pelo que pudesse ter deixado de habitar em tua alma. Parecias
dar um gole d`água a cada vez que os temores começavam a secar lá fora. Mas
havia vida ainda nos cantos da casa. Nos arredores, na vizinhança. E só bastava
que desses o primeiro passo rua afora; deixasses vir de volta a vontade de
entrarem num acordo, anseios e aflições. Que eles tivessem o espaço que foi
delas, que tornassem a entornar as águas passageiras, levando essa Canoa daqui
para o próximo instante. Bastava que um
segundo teu de confiança no destino, te convencesse a implodir represas. Um
botão qualquer a ser acionado pela ponta do teu dedo. Um passo. Um disparo. Uma
seta atingindo ao alvo logo ali, certeira! Não queria tirar teus apegos. Mas te
ver apegada a outras tantas coisas sublimes – algumas pequenas coragens,
algumas alegrias, a constatação de que nada do que se sente se perde, ainda que
nós nos percamos – apenas se verte novo no que já foi e sempre será capaz de
nos pulsar o coração da alma quando se liberta...
Necka Ayala
31/01/2014
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