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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Soltura

Não queria ferir teus apegos. Parecias apreciar aos receios que tinhas contigo, a hesitação, o medo pelo que pudesse ter deixado de habitar em tua alma. Parecias dar um gole d`água a cada vez que os temores começavam a secar lá fora. Mas havia vida ainda nos cantos da casa. Nos arredores, na vizinhança. E só bastava que desses o primeiro passo rua afora; deixasses vir de volta a vontade de entrarem num acordo, anseios e aflições. Que eles tivessem o espaço que foi delas, que tornassem a entornar as águas passageiras, levando essa Canoa daqui para o próximo instante.  Bastava que um segundo teu de confiança no destino, te convencesse a implodir represas. Um botão qualquer a ser acionado pela ponta do teu dedo. Um passo. Um disparo. Uma seta atingindo ao alvo logo ali, certeira! Não queria tirar teus apegos. Mas te ver apegada a outras tantas coisas sublimes – algumas pequenas coragens, algumas alegrias, a constatação de que nada do que se sente se perde, ainda que nós nos percamos – apenas se verte novo no que já foi e sempre será capaz de nos pulsar o coração da alma quando se liberta...


Necka Ayala
 31/01/2014

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