Mais
que esteja, que seja. Algo que seja r-e-a-l. Uma verdade. Me basta uma verdade.
Mas que seja toda ela. Íntegra! Inteira! Pontual. Certeira. Preciso me
encontrar com a Verdade. Passar a tarde com ela passeando com os pés pisando a
Floresta, sentindo o ar fresco entrando e ficando ali, comigo. Comigo. Mais que
esteja, algo que seja. Uma Verdade. Basta um dia dela. Nua de máscaras e
disfarces. Desprovida de intenções ocultas. Livre! Livre de amarras e
correntes. Solta. Uma só, que fique ao meu lado. Que ande comigo vida afora,
sempre. S-e-m-p-r-e. Uma que sinta. Que queira. Que confirme em vez de renegar.
Que me liberte em vez de aprisionar. Mas que seja, ela, linda — cabelo contra o
vento, cujo movimento seja uma reafirmação de si mesma. Não um sonho, mas uma
decisão tomada. Uma escolha feita! Um particípio passado preparando o futuro
mais que perfeito. Uma verdade. Só uma. A que define tudo. Aquela! Lembro bem.
A vi uma vez e foi somente uma. Há muito, muito tempo. Ainda era jovem e tinha
meu coração menino, bobo, puro demais. Ainda tinha cabelos cacheados e negros
como a noite. Naquele tempo a verdade trazia olhos castanhos e nem era bela
como eu sonhara. Mas era uma. Nunca mais a vi onde esperava ver. E agora a
falta que ela me faz não tem tamanho. Meu coração bobo está coberto pela dor
espessa que sente ao se deparar com as coisas sem verdade. Dói. E é de revolta.
Era bobo e fizeram dele um errante amargo. Era bom e o tornaram expulso do
paraíso onde pretendia passar a eternidade: o paraíso que ele construíra para
si mesmo, cheio de ideias e ideais. Bravio e Quixotesco. Uma verdade apenas,
apenas um dia ao lado dela para que meu coração agora inquieto e quebrado,
consiga finalmente pronunciar, a d e u s.
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