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sábado, 28 de janeiro de 2017

Bobo


Mais que esteja, que seja. Algo que seja r-e-a-l. Uma verdade. Me basta uma verdade. Mas que seja toda ela. Íntegra! Inteira! Pontual. Certeira. Preciso me encontrar com a Verdade. Passar a tarde com ela passeando com os pés pisando a Floresta, sentindo o ar fresco entrando e ficando ali, comigo. Comigo. Mais que esteja, algo que seja. Uma Verdade. Basta um dia dela. Nua de máscaras e disfarces. Desprovida de intenções ocultas. Livre! Livre de amarras e correntes. Solta. Uma só, que fique ao meu lado. Que ande comigo vida afora, sempre. S-e-m-p-r-e. Uma que sinta. Que queira. Que confirme em vez de renegar. Que me liberte em vez de aprisionar. Mas que seja, ela, linda — cabelo contra o vento, cujo movimento seja uma reafirmação de si mesma. Não um sonho, mas uma decisão tomada. Uma escolha feita! Um particípio passado preparando o futuro mais que perfeito. Uma verdade. Só uma. A que define tudo. Aquela! Lembro bem. A vi uma vez e foi somente uma. Há muito, muito tempo. Ainda era jovem e tinha meu coração menino, bobo, puro demais. Ainda tinha cabelos cacheados e negros como a noite. Naquele tempo a verdade trazia olhos castanhos e nem era bela como eu sonhara. Mas era uma. Nunca mais a vi onde esperava ver. E agora a falta que ela me faz não tem tamanho. Meu coração bobo está coberto pela dor espessa que sente ao se deparar com as coisas sem verdade. Dói. E é de revolta. Era bobo e fizeram dele um errante amargo. Era bom e o tornaram expulso do paraíso onde pretendia passar a eternidade: o paraíso que ele construíra para si mesmo, cheio de ideias e ideais. Bravio e Quixotesco. Uma verdade apenas, apenas um dia ao lado dela para que meu coração agora inquieto e quebrado, consiga finalmente pronunciar, a d e u s.

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