É de
madrugada que elas aparecem. Vagalumeando a noite silenciosa e leve. Mostram
luz e apagam. É fátua e mais uma vez passageira a coisa que sinto por elas. Mas
elas me distraem do resto. É um resto no prato sobre a mesa. É uma sobra
qualquer que não tem nome, isso — que ficou exposto a céu aberto. É nas
madrugadas que me entendo comigo. Que erro, que revelo, que descortino. E são
tantas, essas madrugadas. Como cresceram, como aumentaram a tudo que se
traduzia em vazio. Antes, vinham de três em três e eram velhas conhecidas em
suas rotinas. Agora são muitas, incontáveis e todas minhas. É de madrugada que
elas me convidam — a noite é a avó permissiva dessas travessuras. Mas o que
faço pelas madrugadas é a tonta travessia de apenas mais um dia que não vai dar
em nada. Me fazem companhia, me contam mil histórias, me chamam pra dançar.
Povoam minhas horas, sussurram poesias, me botam no lugar. Não são qual
borboletas, mas fazem suas acrobacias da fonte até o mar. Me deixam ter as
águas que mútuas novamente, minh`alma irão lavar.
Necka
Ayala
08/11/2017
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