De que
adianta estar viva
Se não
houver vida na vida que levo?
Se meu
peito anda compassado e lento,
A mercê do
vento pra lá e pra cá;
Se meus
dias fazem reprise de ontens,
De que servem
ponteiros, paredes, desvãos?
Vida que se
preze consiste em lampejos,
Pulsares,
cortejos, toda perdição.
Vida é
movimento, insônia, desejo,
Arrepio de
pêlo, sede, fome, pão.
Não vale
uma vida se não for curtida
Como couro
recente ou vinho ancião.
Essa coisa
morna sem graça, sem lida,
Não me vale
nada, não me leva além.
Eu peço que
possa voltar a ser eu
Essa que
encontro na frente do espelho
E que meu futuro
seja mesmo o meu.
Sem vagar à
toa, sem ficar a esmo,
Se não for
luz, toda, que me abrace o breu,
A eternidade,
a não existência, o sono infinito,
O silêncio,
o céu.
19/01/2020
Caramba, que coisa mais linda!!!!!!!
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