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sábado, 18 de janeiro de 2020


De que adianta estar viva
Se não houver vida na vida que levo?
Se meu peito anda compassado e lento,
A mercê do vento pra lá e pra cá;
Se meus dias fazem reprise de ontens,
De que servem ponteiros, paredes, desvãos?
Vida que se preze consiste em lampejos,
Pulsares, cortejos, toda perdição.
Vida é movimento, insônia, desejo,
Arrepio de pêlo, sede, fome, pão.
Não vale uma vida se não for curtida
Como couro recente ou vinho ancião.
Essa coisa morna sem graça, sem lida,
Não me vale nada, não me leva além.
Eu peço que possa voltar a ser eu
Essa que encontro na frente do espelho
E que meu futuro seja mesmo o meu.
Sem vagar à toa, sem ficar a esmo,
Se não for luz, toda, que me abrace o breu,
A eternidade, a não existência, o sono infinito,
O silêncio, o céu.

19/01/2020





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