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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Antiquária

Palavra fraca que não causa efeito,
que não muda nada, que não te comove.

Palavra pouca que não te derrama, não te extra-vaza,
não te umedece nem te escorre.
Palavra louca que me foge sempre, que me põe no escuro e que me deserta.

Palavra inútil que não te sequestra, não te põe mais perto,
nem sequer te move.
Palavra fina que não te avoluma, não te acrescenta,não te diz mais nada.

Palavra-rima que de nada serve quando vai solteira, nua pela casa,
feito pó no móvel.
Palavra fria que não tira o sono, que não causa danos, nem te causa culpa.

Palavra mal-dita, mal selecionada, quase mal escrita.
Palavra-antiquária feito coisa antiga, velha, ultrapassada.
Palavra que me deserda.

Palavra bendita que não chega nunca, seria milagre santa aparecida.
A palavra tua que só faz calar-se presa eternamente,
posta feito gole por sobre tua língua.
A palavra muda. A que em si me basta. A tua.
Que não chega nunca,

que não se desprende, não é dita nunca por mais que eu espreite
tua boca vasta.

Necka Ayala
20.11.2008


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