Nômade

Consentem enfim os anjos silenciosos que assim sejas.

Que estejas pela casa ainda e eu apenas não te veja.

O sino tocando a contento, o vento que adentra a janela.

A vela pousada e acesa, luzindo essa luz amarela.

Aceito que assim tenha sido tua vinda e tua estada

Que teus benefícios mais ternos, fossem brisas benfazejas.

A lua se enchendo esta noite, o tempo parece contigo.

És visitante estrangeira, passageira enamorada.

Assentam em mim aos poucos, amansados, meus enleios

Há pouco dei-me com eles, sem querer, frente ao espelho.

Uma certeza que tarda, mais uma noite vadia.

Nômade nua e arredia, tua presença quase minha.

Inesperada e bem vinda, um instante antes da morte,

Foste da sorte a nobreza. E és a leveza que parte.

Deixaste mais do que levas, sementeira consagrada

Dentro de mim vais inteira, finalmente eternizada.

Necka Ayala

25 abril 2013.