O
que valida o amor? Serão os dias bons ou o luzir constante do brilho entre os
pares de olhos? Serão as noites breves ou o vagar dos relógios enquanto uma
nova noite tarda a vir? Não. Os dias bons vivem a mercê do destino. Alguns já
nascem fadados às tempestades, à viração súbita do tempo, aos naufrágios e às
despedidas. Os dias bons não se garantem nem duram para todo sempre. Tampouco o
brilho permanece irradiado, pois os olhos carecem fechar-se vez em quando,
descansarem, nutrirem um pouco de breu, defenderem-se do excesso de realidade que,
indefesos, vêem. As noites só são breves quando a nada temem e a nada mais
querem. Mas ainda assim se fartam, mudam de acordo com as luas. Ponteiros?
Atendem somente àquilo que se sente — quando há saudades, se espreguiçam, não
despertam cedo, desaceleram. Quando há alegria, voam, dançam entusiasmados e se
movem de lugar numa velocidade assustadora. O que valida o Amor é o mesmo que
valida a Fé — a confirmação. Quando o Universo gira a Roda da Fortuna do topo ao
outro extremo e pergunta: — hoje, ao que escolhes tu? E repetes, confirmando
tua escolha: — Ao Amor! Quando chega a Tempestade e os Ventos bravios te
perguntam: — agora, ao que escolhes tu? — Ao Amor! Quando o brilho adormece e
tudo em teus olhos é salgado e áspero e a dor te pergunta: — neste instante, ao
que escolhes tu? — ao Amor! Do mesmo modo se valida a Fé. Quando nada mais
resta e o Criador parece desatento aos gritos que entoas. É aí que te pergunta:
— escolhes deitar comodamente nos braços de tua desilusão ou preferes manter a
centelha de luz que resiste contra o vento? E optas por colocar ambas as mãos
em torno da chama pequenina, protegendo e alimentando-te do quase nada de calor
que dela vem. De tempos em tempos Amor e Fé pedem confirmação. Não porque
precisem saber se irão contigo alma adentro. Mas para saberem se tu irás com
eles eternidade afora.
Necka
02/12/2014
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