A
noite veio. Lenta. Demora a empurrar as nuvens. E elas sempre me pareceram a
própria passagem do tempo. Tudo se aquieta aos poucos mas nada em mim encontra
paradeiro. Há colunas à minha volta. De novo, estranho a cara que as coisas tem
agora. Fui enviada para este destino sem que me fosse perguntado se queria. Eu
vim. Estou aqui e não sei onde estou. Parte de mim quer apenas que o tempo se
apresse a passar. Outra parte quer adormecer profundamente sem ver a mais nada.
Não há esperança. Só o silêncio que sempre houve, mais incisivo neste momento. Mais
cru. Mais cortante. É o golpe. É a despedida. É o adeus. É a partida. Tudo está
dito no que não é dito. É a ceifada final no que era meu e era lindo. Olho para
a fotografia e não creio no que vejo. Não mais. Está desaparecida aquela imagem pura e iluminada que vi tantas vezes ocupar a varanda. Nunca precisei tanto de mim.
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