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sábado, 21 de janeiro de 2017


A noite veio. Lenta. Demora a empurrar as nuvens. E elas sempre me pareceram a própria passagem do tempo. Tudo se aquieta aos poucos mas nada em mim encontra paradeiro. Há colunas à minha volta. De novo, estranho a cara que as coisas tem agora. Fui enviada para este destino sem que me fosse perguntado se queria. Eu vim. Estou aqui e não sei onde estou. Parte de mim quer apenas que o tempo se apresse a passar. Outra parte quer adormecer profundamente sem ver a mais nada. Não há esperança. Só o silêncio que sempre houve, mais incisivo neste momento. Mais cru. Mais cortante. É o golpe. É a despedida. É o adeus. É a partida. Tudo está dito no que não é dito. É a ceifada final no que era meu e era lindo. Olho para a fotografia e não creio no que vejo. Não mais. Está desaparecida aquela imagem pura e iluminada que vi tantas vezes ocupar a varanda. Nunca precisei tanto de mim.

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