Ah
como era bonita a minha entrega infinita e era tua. Passeava pelos cantos da
casa vasta e clara, esperando e esperando que abrisses os olhos e vestisses teu
sorriso lindo e contagiante. Era contagiante. Por isso mesmo, necessário e
urgente. Breve. Aquele instante era breve. Mas como era bonita a minha
contemplação simples e diária. Já ias. Eu ficava e eu era tua. Nem mais tu eras
minha, há tanto tempo, tanto! Mas e daí? Eu tinha tudo porque tinha isso, essa
vastidão lírica nas coisas todas que fazia. E tinha a solidão precisa para as
palavras e as notas e as cores e as folhas na rua. Relógios e espaços, laranjas
e verdes. Ah, como era bonita a minha forma de ver as coisas todas. As árvores
na palma da minha mão. Eu amava e amava ao que tinha. Nem mais eras minha. Não
mais. Mas e daí? Sempre serei assim mesmo. Sem máscaras na cara porque a vida
já pesa e mente demais. Sem disfarces nem maquinarias. Sem estratégias nem
artimanhas. Sempre serei eu. Pertencerei sempre a mim. E como é infinita a
beleza que há nisso. Em ser o todo do que se é! Em poder tanto. Em não permitir
que fatiem meu caráter e minha personalidade quixotesca. Olho e lamento tanto
pelo sorriso lindo que não tens mais. Onde está aquela primeira mulher do
primeiro 29? Linda. Madura. Dona de si? Onde foi ela que nunca mais a vi? Tinha
olhos que trocavam de cor e sinais sempre de três em três. Ainda sou dela. Mas
sou mais minha neste momento infindável.
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