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sábado, 21 de janeiro de 2017

Infindável


Ah como era bonita a minha entrega infinita e era tua. Passeava pelos cantos da casa vasta e clara, esperando e esperando que abrisses os olhos e vestisses teu sorriso lindo e contagiante. Era contagiante. Por isso mesmo, necessário e urgente. Breve. Aquele instante era breve. Mas como era bonita a minha contemplação simples e diária. Já ias. Eu ficava e eu era tua. Nem mais tu eras minha, há tanto tempo, tanto! Mas e daí? Eu tinha tudo porque tinha isso, essa vastidão lírica nas coisas todas que fazia. E tinha a solidão precisa para as palavras e as notas e as cores e as folhas na rua. Relógios e espaços, laranjas e verdes. Ah, como era bonita a minha forma de ver as coisas todas. As árvores na palma da minha mão. Eu amava e amava ao que tinha. Nem mais eras minha. Não mais. Mas e daí? Sempre serei assim mesmo. Sem máscaras na cara porque a vida já pesa e mente demais. Sem disfarces nem maquinarias. Sem estratégias nem artimanhas. Sempre serei eu. Pertencerei sempre a mim. E como é infinita a beleza que há nisso. Em ser o todo do que se é! Em poder tanto. Em não permitir que fatiem meu caráter e minha personalidade quixotesca. Olho e lamento tanto pelo sorriso lindo que não tens mais. Onde está aquela primeira mulher do primeiro 29? Linda. Madura. Dona de si? Onde foi ela que nunca mais a vi? Tinha olhos que trocavam de cor e sinais sempre de três em três. Ainda sou dela. Mas sou mais minha neste momento infindável.

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