Se
foram os bilhetes escritos nos espelhos e sua importância implícita: um
romantismo que era belo pela leveza e serenidade que tinha. Se foi o caderno de
capa dura e preta que guardava pequenas confissões diárias. E a troca de coisas
poéticas que acontecia num Rio de Águas Mútuas. Se foi a soma dos 28 anos que
era festejada num dia 29 de janeiro e que, neste ano, completaria os primeiros
8. Se foi a ludicidade do peixe indo para o aquário. E as varandas e as
fotografias e as asas coloridas de dois anjos — um verde e um azul, e as mãos. Se
foi a música brega que repetia diariamente . . . quer, quer, quer casar comigo
. . . e as mais lindas canções caçadas para um ADD que se perdeu
definitivamente. E o futuro que viria.
O
futuro viria sim. Se houvesse a confirmação em vez da negação. A verdade em vez
da mentira. A resposta em vez da omissão. A defesa ao direito de amar em vez da
comodidade de não se posicionar. A coragem de crescer em vez da covardia em se
esconder. A troca em vez do jogo. A cumplicidade em vez da traição. Mas cada um
tem o direito pleno de escolher a cada uma dessas duas vias por onde vai andar.
E anda. Anda até cair por um lado ou ascender pelo outro. Anda até desmoronar
por um caminho frágil e datado, ou se fortalece e se eterniza ao ir pelo outro.
Escolhi
andar pelo caminho mais difícil, da evolução da minha capacidade de exercer ao
amor, a fé, ao crescimento, a evolução. Doei o que tinha a quem tinha, pois
havia construído o que doar e me valia assim. Tudo o que fui só me engrandeceu.
Tudo o que dei, só me acrescentou mais e mais. Tudo o que senti só me preencheu
de mais e mais aptidão para sentir. Só é meu, aquilo que mais doei de mim.
Sinto
muito pela infinidade de coisas que perde aquele que escolhe o oposto: a
comodidade, a covardia, a mentira, o jogo, a traição. Sinto, porque me causa a
sensação de lástima, de desperdício de vida, de ver seguir em marcha ré o que
deveria andar para a frente. Sinto muito se só me causa pena, aquilo que já me
causou amor. Vida que segue. E segue com um futuro aberto à frente pois,
simplesmente, mereço. Plantei o bem e já tenho colhido muito dele. Ainda vem
mais! Muito mais. E será partilhado com quem venha disposto a desposar sua
própria vontade de amar. A quem chegue querendo estender tudo que for luminoso
e puro, bom e leve, plural! Bem vindo aquele que, em tardes como a de hoje,
também despiria os pés e os colocaria na relva ao meu lado.
28/01/2017
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