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sábado, 14 de janeiro de 2017

Futura


Venha — a primeira fresta está aberta. A lua, no meio do meu céu, clareia seu caminho, venha! O vento que sopro por esta janela faz saírem de perto as poucas nuvens que restavam. Enquanto vens, trato de limpar vestígios de amores findos, de polir palavras e caçar novas, somente para seus ouvidos. E eles chegarão abertos e dispostos. Até lá, minha voz já estará refeita dos arranhões recentes e da minha displicência em não cuidar dela. Agora cuido. Cuido de mim que espero serenamente pela sua vinda. Venha! Já adivinho a cor dos seus cabelos — assemelhados à noite. Já sei que ondulam qual onda de mar. E me contaram, meus sonhos, que um sorriso constante lhe enfeita a cara. Venha. O espelho que ainda guardo livre nos olhos, aguarda refletir . . . Enquanto vens, perdôo, deixo ir as coisas cegas que me acercavam. Deixo morrerem de fome os desvarios e os medos. A loucura que me açoitava a alma branda, exigi que fosse embora. Chamei meus guias, meus anjos todos e os coloquei à frente para que abram caminho. Venha! Meu coração inteiro, amplo e amoroso já deixou a primeira fresta aberta.

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