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sábado, 14 de janeiro de 2017

Do Blog IN, 2008 - mais pontual do que nunca!



De quem irá ser este sorriso, estas mãos pequenas a quem pertencerão? Essa vontade nua e sem disfarces, essa clareza toda nas palavras, a quem se darão? Quem passará a palma sobre os pelos, quem sentirá o cheiro que eles têm? Quem sorverá a gota que era tua, quem beberá da lágrima que vem? Quem descobrirá as cores que querias? Quem irá juntá-las às que tem? De quem será o gozo que viria, será que ainda viria, será que ainda vem?
De quem será a voz que fala manso e repetia tantas vezes “vem!”...? Quem tornará em fato o sonho comungado, deitando em teu lugar, diz, quem?
A quem pertencerão meus futuros poemas, quem sentirá o tanto que eles dizem? A quem destinará presente e carta escrita? De quem serão surpresas e fotografias, lenços e minhas mãos vazias? De quem será o perfume, o aroma de café? Quem sentirá de mim as sensações mais cruas, que bênçãos e que preces terá a minha fé?
Por quem derramarei as águas mais precisas? Quem terá o orgulho de sabê-las provocadas? Quem se sentirá a única pessoa dentre tantas, que me revira o sono e me causa delírio às madrugadas? Quem repetirá cem vezes ‘eu te quero’? E que voz terá aquela que o disser? De quem serão as letras encontradas, feitas e tudo que eu tiver? Com quem será a dança da cadeira? Por sobre que uma outra se dará o tremor?
Que outro corpo branco, tomará meu corpo? Me diz como ele é? Que cores ele veste? Que tempo ele demora enquanto ele se despe? De quem será o canto que tanto te encantava? De quem serão as cenas que ainda vem? De quem será o gozo que seria, será que ainda seria, será que ainda o tens?
E quem irá ouvir o meu sotaque? E essa altura pouca, irá ao lado de quem? Essa saudade toda e sem descanso, essa certeza toda nas palavras? Quem passará a língua sobre os lábios? Quem sentirá o gosto que eles têm? Quem sorverá o ar insuficiente, quem beberá da taça o que ela leva? Quem revelará as dores esquecidas? Quem irá apagá-las com o que é? A quem a minha alma se revela, enquanto ainda espera e nada vem? Me diz se enviaste alguém que a mim me queira, enfim, me diz, quem é que à minha entrada se esgueira?
Quem ficará imaginando os beijos, os tontos de desejos, me diz, quem? Quem me batizará como fazias, com que interjeições será que vem? Que novas descobertas eu daria a alguém que me chegasse como tu? Seria intensidade, seria encantamento, magia, luz, instante, poesia, cruz, rompante? A quem darei inteira a minha fantasia? De quem serão as coisas que verei? Por quem eu viveria a vida em risco? De quem serão as coisas que terei?
A quem pertencerá este sorriso? Sorriso que se abre quando vens. Não queres que eu sorria vida afora? Então me diz, agora, ele é de quem?




Necka Ayala. 03.12.08
Para I.M

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