Hora
de andar nas ruas. Tendo passos e ruas tão somente. De olhar para o céu esteja
ele azul ou não, tendo apenas olhos e céus. Hora de levar aos braços a
imensidão do espaço que lhes cabe. E ter somente braços, os meus, dos quais não
posso me libertar. Hora de um sono na largura e no comprimento que ocupo. E de
despertar apenas, sem sonhos a esperar que se cumpram. Hora de ir, ir mais
além, ir indo enquanto as horas passam, ainda que numa lentidão brutal e
injusta. Mas é a hora delas, das muitas horas que o tempo passa a ter agora. De
atravessar cada etapa sem pular nem um único dia, sem adiar o sal. E quando
possível, abrir um sorriso de novo, um dia, para alguém cuja inocência
signifique mais do que o que sinto de revolta. Hora de ter chuvas e calçadas e
tão somente a elas. Porque as vidraças de hoje já não guardam varandas. São só
vidraças. Nada mais.
Necka
31/01/2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário