Mais
um rosto passa a habitar os álbuns de fotografias. Se vai da realidade para
aquilo que existiu e cumpriu a passagem. Não me sinto triste, não mais. Porque
sei que tudo que vem, uma vez deixado de regar e confirmar, parte: quanto menos
alimentamos, mais cedo completa a partida. Não me sinto triste porque entendo
que, aquilo que jamais foi verdadeiro, não poderia, ainda que eu quisesse muito
e cuidasse e vestisse, evitar o despir de máscaras que traz a verdade à tona. O
que não foi amor, não foi. Quando ele é, permanece necessário e conforta.
Concede e oferece mais. Educa e confere consistência.
Mais
um cheiro deixa de passear em meus ares e se esvai na tormenta passageira para
longe. Vento que passa entre as minhas mãos. Profética minha arte anuncia ao
que vem e nunca percebo. Mas aceito. Viver me deu resiliência. E compaixão até
demais.
Mais
uma história finda sem final feliz. Nenhuma história que foi feliz e finda,
termina faceira seus dias de exercício. Observo ao que veio com ela, sua
trajetória, suas características. E a deixo ir, se assim o quer. Não me sinto
triste, não mais. Compreendo a busca incessante de quem só caça àquilo que
diverte e passa. Mas permaneço em profundo compromisso com aquilo que encanta e
se eterniza. Para quem tanto quer fazer de sua vida a pena ao sabor do vento, ofereço
até a parte de vento que era minha e sopro: vai! Porém eu, afeiçoada com laços
estreitos que sustentam minhas pernas em plena tempestade, apaixonada que sou
pelas raízes engendradas na terra mãe que me prepara o leito infindo, cultivo!
Semeio. Adubo. E com os pés firmes no solo da minha pátria, ostento minha
bandeira tecida pelas mãos do Criador: escolho ao Amor e fico!
Mas
uma chegada nova se anuncia. Espero. Enquanto isso, é hora de limpar os
resíduos das coisas abandonadas no caminho. Tirar os obstáculos da frente.
Erguer os olhos para o céu azul que tenho e agradecer pelo vivido, pelo tido,
pelo posto, pelo amado, pelo sido! Fui muito mais de mim enquanto estive ali,
naquela parte de vida que escreve um ponto final. E serei ainda mais agora,
livre e inteira, pronta e sementeira. Podes vir quando for a hora agendada pelo
destino. Já terei achado um armário novo para os álbuns e para os livros de
história que já li. Passaram. Vens. Estarei aqui de braços abertos entregues ao
futuro.
Necka
23/01/2017
Lindo, minha querida amiga! Estou aqui com meu ombro para deixar escorrer tuas lágrimas! Bjs
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