Como
são lindas as pessoas com lágrimas nos olhos. As que permitem que as emoções se
concretizem. As tocadas, as emocionadas, as encantadas pessoas humanas, cujas
almas são libertas e as mãos desalgemadas. Como são lindas as pessoas com
coragens, de atos incendiários e gritos de liberdade! Como são vastas, como são
aladas! Como são raros os seres que vieram deixar ao mundo suas delicadezas,
suas convicções, suas certezas de luz.
Aquelas cujas faces espancadas pela brutalidade alheia, não lhes
desmancha o sorriso em meia-lua, brilhando só contra o breu da realidade. Como
são maravilhadas as pessoas que têm histórias de vida e se orgulham de tudo
quanto atravessaram, do tanto que enfrentaram para vir até o presente. Pessoas
de profundas riquezas naufragadas em seus oceanos particulares que, em se lhes
tirando tudo — a vida, têm tudo a oferecer a quem não tem nada. Lindos seus
olhos esperançosos de um tempo que nem sabem se virá, mas valsam soltas
desposando então a espera, até que venha o par. Lindas suas tristezas em
aparições breves ao canto dos olhos vez em quando. E é quando de súbito uma
gota escorre dali até molhar um lábio e some, mergulhada num sorriso de talvez.
Como são eternas as pessoas podadas pelo
outro, pois ainda assim semeiam e dão de si ao ventre da terra. E as retiradas
das vidas dos outros que, em meio às trevas, ainda oferecem um luzir permanente
a quem as remeteu para lá. As sofridas, as feridas, as sozinhas. As que nada
tem. As que são mais e mais diante das que tem mais e mais. E nem se importam,
pois sabem que ao Criador só importa que sejam quem vieram ser. As que possuem
fibras indestrutíveis, as que dizem preces e as que oram por todos. Benditas,
expulsas às vezes de seus paraísos. Sagradas, deixadas à beira do mesmo caminho
que o outro desistiu de percorrer. Retirantes, exiladas, mas que ao fim de tudo
são gratas por mais uma experiência. E ainda se compadecem daqueles que as
condenaram, porque são pequenos e frios. Como são lindas as pessoas tão livres,
mas tanto, que podem — simplesmente podem, Sentir.
Para
Roberta — do MC.
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