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sábado, 11 de março de 2017

S.E.N.T.I.R

Como são lindas as pessoas com lágrimas nos olhos. As que permitem que as emoções se concretizem. As tocadas, as emocionadas, as encantadas pessoas humanas, cujas almas são libertas e as mãos desalgemadas. Como são lindas as pessoas com coragens, de atos incendiários e gritos de liberdade! Como são vastas, como são aladas! Como são raros os seres que vieram deixar ao mundo suas delicadezas, suas convicções, suas certezas de luz.  Aquelas cujas faces espancadas pela brutalidade alheia, não lhes desmancha o sorriso em meia-lua, brilhando só contra o breu da realidade. Como são maravilhadas as pessoas que têm histórias de vida e se orgulham de tudo quanto atravessaram, do tanto que enfrentaram para vir até o presente. Pessoas de profundas riquezas naufragadas em seus oceanos particulares que, em se lhes tirando tudo — a vida, têm tudo a oferecer a quem não tem nada. Lindos seus olhos esperançosos de um tempo que nem sabem se virá, mas valsam soltas desposando então a espera, até que venha o par. Lindas suas tristezas em aparições breves ao canto dos olhos vez em quando. E é quando de súbito uma gota escorre dali até molhar um lábio e some, mergulhada num sorriso de talvez.  Como são eternas as pessoas podadas pelo outro, pois ainda assim semeiam e dão de si ao ventre da terra. E as retiradas das vidas dos outros que, em meio às trevas, ainda oferecem um luzir permanente a quem as remeteu para lá. As sofridas, as feridas, as sozinhas. As que nada tem. As que são mais e mais diante das que tem mais e mais. E nem se importam, pois sabem que ao Criador só importa que sejam quem vieram ser. As que possuem fibras indestrutíveis, as que dizem preces e as que oram por todos. Benditas, expulsas às vezes de seus paraísos. Sagradas, deixadas à beira do mesmo caminho que o outro desistiu de percorrer. Retirantes, exiladas, mas que ao fim de tudo são gratas por mais uma experiência. E ainda se compadecem daqueles que as condenaram, porque são pequenos e frios. Como são lindas as pessoas tão livres, mas tanto, que podem — simplesmente podem, Sentir.


Para Roberta — do MC.

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