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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Mudo


Na boca, a minha, todas as respostas certas. Esperei ouvir, no entanto, da tua. A noite cai estranhamente fria. Não há luar algum. E até mesmo o universo despertara em fúria derrubando árvores sobre a cidade. A tempestade veio e não pretende partir hoje. Soltaste aos remos antes de completares a primeira onda, desistindo previamente do mar que dizias querer voltar a ver. Foi o destino testando tuas palavras vazias. Foi a exatidão do nada, a precisão dele e sua inútil confirmação. E todas as respostas querendo esvaziar tua boca, morreram sós e sem valia. Não as tens. Nada tens, nada! E nada perco, assim sendo; assim sendo eu mesma aquela que quer da vida o pulso, a noite adentrada ao largo, o leito ocupado e quente, a boca salivando o próximo encontro. A vida só se justifica superlativa. Enquanto dás voltas e mais voltas e mais voltas orbitando planeta desabitado, abraço as respostas que tenho mais convicta do que nunca e elas me aquecem! Não tens mais nem mesmo palavras boas que te pudessem fazer alguma companhia. Tens silêncios, nada mais.

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