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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Antes . . .


Antes de tudo, era noite, tarde. Nada sabia sobre aquilo que via. Nada identificava em si, dentro, onde algo já era, já havia nascido dias antes. Mas foi antes. Antes das certezas, antes de saber, antes de entender. Foi. Apenas foi. Um primeiro passo e foi, um segundo passo e um terceiro passo e nada mais importava. Importava que queria ir e foi indo, noite adentro, sem relógios, sem motivos, sem pertinências. Livre, foi livre. Só depois de ir é que soube que sempre havia querido ir. Só mais tarde teve certezas. Viveu antes, muitas e muitas vezes. Soube depois do que se tratava o que havia vivido. E foi feliz antes mesmo de saber que seria tanto. Sem garantias, sempre aquela mala entreaberta ali sem dar aval a nenhuma permanência. Sem promessas, sem planos, sem entendimentos, ia. Ia desbravando noites sem bocejos, sem cansaços, sem máscaras. Ia em si mesma conhecendo o que não sabia que estivera lá desde sempre, desde antes. E antes é o que sempre importava, o que tinha vindo antes! Primeiro foi, depois soube do que se tratara ser. E até hoje procura errante entender, quando entender não é preciso. Quando entender passou a ser preciso, deixou de ser e nunca mais foi.

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