Lembrar
das coisas do fogo, quando era ele quem percorria as coisas do corpo
descoberto. Quando livre, quando todo. Quando nu, quente. Solto, liberto,
presente! Quero lembrar das coisas do fogo. Sem querer, um das pernas
encostou-se noutra e, ali, soube tudo sobre não ter nada. Lembrar das coisas
que ardem. Da ignição possível da fagulha única, pequena a transformar-se. Do
derretimento . . . do derretimento. Da gota saída de tanto que não mais se
cabe. Transborda . . . derretimento. As coisas do fogo são boas. Labaredas. Luz
que sobe e alcança o que não se vê. Colore a Lua Vadia que a tudo sugere.
Alquimia, derretimento . . . quero lembrar das coisas que o fogo diz e traduz.
Das coisas sem nome e sem máscaras. Das coisas brutas e sutis que chegam de
repente de onde não se sabe e não importa. Nada importa se teu fogo não te
comporta, não te acomete, não te projeta. Nada mais interessa se o gelo
corrompeu tua existência. Anulada. Quero lembrar das coisas do fogo e tê-las de
novo uma vez mais sobre a célula-mãe dessa coisa toda. As coisas dele me
condenaram à liberdade.
Necka
Ayala
27/08/2017
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