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sábado, 26 de agosto de 2017

Fogo

Lembrar das coisas do fogo, quando era ele quem percorria as coisas do corpo descoberto. Quando livre, quando todo. Quando nu, quente. Solto, liberto, presente! Quero lembrar das coisas do fogo. Sem querer, um das pernas encostou-se noutra e, ali, soube tudo sobre não ter nada. Lembrar das coisas que ardem. Da ignição possível da fagulha única, pequena a transformar-se. Do derretimento . . . do derretimento. Da gota saída de tanto que não mais se cabe. Transborda . . . derretimento. As coisas do fogo são boas. Labaredas. Luz que sobe e alcança o que não se vê. Colore a Lua Vadia que a tudo sugere. Alquimia, derretimento . . . quero lembrar das coisas que o fogo diz e traduz. Das coisas sem nome e sem máscaras. Das coisas brutas e sutis que chegam de repente de onde não se sabe e não importa. Nada importa se teu fogo não te comporta, não te acomete, não te projeta. Nada mais interessa se o gelo corrompeu tua existência. Anulada. Quero lembrar das coisas do fogo e tê-las de novo uma vez mais sobre a célula-mãe dessa coisa toda. As coisas dele me condenaram à liberdade.

Necka Ayala

27/08/2017

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