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sábado, 26 de agosto de 2017

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Agradeço à Vida por ter me permitido vivê-la, simplesmente. Vivê-la guiada pelo que dizia meu coração bobo. Vivê-la norteada pelo que queriam ver meus olhos escuros, de luz. Vivê-la pelos vazios que buscou preencher e pela vastidão de caminhos que intentou abrir.  Agradeço à vida por merecer vivê-la: se vim, vim com a bênção do Criador de Todas as Coisas. Todas — nenhuma a menos. E agradeço a quem apontou-me o dedo em riste a fim de destacar coisas minhas inaceitas, por revelar-se a si mesmo na pequenez do que vê — assim, aprendi a ter compaixão por quem não aceita ao outro, condenando, por tanto, a si mesmo à solidão. Agradeço à Vida pelos embates e pelas verdades estampadas diante de minhas mãos, por ter me oferecido a oportunidade de inventar o que fazer com elas. Ali sim, criei. E como foi preciso valer-me dos dons que recebi para criar saídas, ideias e ideais. Agradeço às mortes que presenciei por me falarem sobre a brevidade do tempo; elas repetiram muitas vezes, vive, vive agora, vive tudo, sê toda de uma vez! E de uma vez por todas, fui. Fui a despeito dos olhares limitados que observavam a cabeça raspada sem ouvir o que de dentro dela, poderia sair de bom. Fui a despeito das vestes que apenas me recobrem e que serviram tantas vezes para me atribuir valor. Fui a despeito de todos os defeitos com os quais me batizaram aqueles que ignoraram meu nome e minhas poucas ações benfazejas. Ali, entristeci um tanto. Porque levava na Alma o desejo de semear afetos, de fazer companhia, de cuidar de casas — ainda assim, enxergaram em mim azedume, ingratidão, fracasso. E agradeci à Vida por ser justa diante do espelho e me mostrar diariamente quem sou. Agradeço aos que dispensaram tantas vezes seus dias e assuntos comigo, pois, sem querer revelaram o quanto existo e o quanto ocupo de espaço em suas vidas. Mas agradeço ainda mais a quem não fala: sente a mim fazendo parte de sua história de vida. Este dia, o primeiro de volta à Terra Natal à qual jamais deixei de fato, é incomum. Há um Sol lindo lá fora, o verdadeiro Sol possível e eternamente presente. Há um silêncio escolhido que me restaura forças. Hoje, agradeci à minha mãe pela vida que me deu, às lágrimas. Porque a Vida que merece ser vivida, não se trata de flores e de presentes o tempo todo. Mas de fazeres: do que se faz com as flores e com os presentes, do que se faz com espinhos e decepções. E meu pedido à Vida agora, é que ela entregue a cada pessoa em dobro, precisamente o que cada pessoa me deseja. Que assim seja, Amém.

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