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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Tardia

A hora que passa
Não é dos ponteiros
Tão pouco se trata
De fins e de meios
Mas é sobre estar
com as mãos fechadas
No instante em que devem se abrir convidadas
A semear, a preparar um futuro florir.
A hora que passa
Não faz calendário
Nem torna sagrado
Nenhum relicário
Mas é sobre estar
de olhos fechados
No instante em que devem enxergar, visionários,
A aparição de um Anjo no Jardim.
Se o tempo de agora é tarde demais
Se passou da hora o agora lá atrás
Não resta mais nada a ser feito
do resto sem jeito
Que descansa em paz.
O carro que passa,
Sem passageiro
O barco que afunda
Sem timoneiro,
Revela o que não
Teve serventia
Por mais que trouxesse toda encantaria
A prometer o além de uma viagem.
A festa que passa
Sem a presença.
O amor que fenece
Sem oferenda,
É tudo que vai
Sem ter sido o que era pra ser.
E quando não dói —
Nem mais isso fica,
Tardia é a luz acesa que brilha
Pois brilha só — reflete o nunca mais.

Necka Ayala
28/08/2017





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