As
coisas não se importam. Estão ali. Esperam quietas que façamos uso delas ou as
ignoremos simplesmente. As coisas não dizem nada. Ficam. Permanecem. Os céus
não se importam. Mudam porque o tempo assim os obriga. Não é uma conduta, mas
uma condição. O tempo altera também a algumas coisas. Desbotamentos, arranhões,
fadigas. São os corpos que se importam. Que desassossegam, que atravessam
noites e enfrentam dias abafados se consumindo em esperanças póstumas. Caminham
autômatos diante das coisas. Desfilam para elas que não os vêem. As coisas
estão ali para que as cultuemos ou as esqueçamos. São ao mesmo tempo ponteiros
e relicários sem mais validade. Eram boas. São sós. São os corpos que se
importam com tudo que não mais lhes acomete. Com o que não é mais. Com o que
não são mais.
Necka.
07/01/2018
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