Hoje
quero só te agradecer. Pelo Amor imenso que sinto e que é contigo que sinto, ao
teu lado, te olhando ser quem és. Agradecer porque sentir Amor por ti me faz
enfrentar a tudo com esperança, com fé, com a minha espiritualidade ativa,
vívida, contínua: Amar, é confirmar o real sentido da existência. E é ao teu
lado que me confirmo assim. Amar a ti é ter o pleno direito de ser quem sou,
eu, esta! É suportar enxergar as diferenças como possibilidades de troca e de
acréscimo. É permitir idas e vindas, encontros e desencontros, encantos e
desilusões, sabendo, dentro, que tudo está sempre de acordo com a Ordem Divina.
Eu sou o Amor que tenho, os amores todos que pratico, as compaixões todas que
exerço. Eu sou o Amor que acolhe aos ataques daqueles que não aceitam, com
misericórdia. E ela, a misericórdia, pode traduzir-se então em oferecer doação
minha àquilo que vaga miserável, pouco, menor. Porque me ferem, posso deixar
vazar pelo buraco que abrem em mim, alguma luz. Porque me sangram, posso deixar
que dentro se faça sangue novo. E isso tudo é Amor. Olhar para o outro
compadecendo-me do peso da ira que ele carrega em si mesmo e que a mim não
pertence. Ele pesa, enquanto sigo levando somente a mim mesma. Por isso
agradeço — pelo muito disso que não tenho. Mas hoje quero apenas agradecer por
merecer a tua companhia, a tua participação no que desfila nos meus dias. Pela
tua persistência em causar em mim mais e mais amor. Não o amor perfeito dos
contos, mas a construção, o desmascaramento diário da minha personagem que, por
conviver contigo, precisa alcançar tão somente ao que seja Eu sem as máscaras
que vestia. Por partilhar contigo ao meu próprio acontecimento, é vital
conhecer-me, frágil, falha, humana, às vezes coerente, outras carente, hora
quieta, hora sorridente e faceira diante do que vem leve e doce sobre nossos
passeios por aí. Hoje quero agradecer-te por tornar-me o que sou quando nem
estás. Quando preparo algo para ti que não ficarás sabendo. Quando sinto tua
falta e nem imaginas que possas ainda fazer-me tanta falta. Claro que gostaria
que tu tivesses mais coisas do que essas às quais cultivas. Claro que adoraria
que gostasses dos meus infinitos documentários e discussões a respeito da vida.
E acredito até o fim da minha vida, que tens por onde acender à tua máxima
iluminação. Ela viria a ti se assim o desejasses, pela via do exercício do amor
que ao teu coração pertence e só a ele pertence. Se olhasses para ele com olhos
de contemplação (c.c), sentirias a gratidão que aqui descrevo: gratidão de
revelar-se a si mesmo sem ilusões, de alma nua e livre, finalmente livre.
Necka
Ayala
19/01/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário