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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Este


Ela se aproxima. Inadivinhável. Provoca algum receio que provoca alguma taquicardia. A coisa nova é assim, meio oculta, meio vista de canto de canto de olho de repente. Indefinível. Ela se aproxima. Foi mais que anunciada, ela. Prevista nas cartas, nos búzios, nas coisas todas que disseram. Havia sinais, era claro. Mas não dava ainda para festejar. Era cedo. O fim ainda não havia desenhado na ponta do lápis do caderno preto, o ponto final bem redondinho e preciso. A mala pronta na porta da casa, o táxi esperando e o primeiro passo ainda não fora dado. Era um pé aguardando, que sapato vestir numa hora dessas, tão cerimoniosa? O fim do fim tocando a primeira ponta do começo do começo. O novo. Ele se aproxima. Que cara terá? Que nome, que signo, que cor? Provoca alguma insônia, parece estar ali já. Sobrevoando a tela protetora da janela. A lua concorda. E parece hoje mais branda, mais azul. É mais uma sensação que uma certeza. Algo inquieto, alguma ansiedade, não se sabe o quê. Mas tem. Dá pra sentir que a carta que vem na tirada agora é boa. Um instante vazio entre puxa-la do monte e esperar que vire para ver qual é. Esse instante! Este! E o sol, Confirmará? Será a Carruagem conduzindo o Eremita aos templos do Imperador? Será a Torre, será a Roda da Fortuna concluindo e dando vez a elas, as Estrelas sem Céus? A toda? O todo? A mão indecisa espera pela decisão dos olhos. Que carta retirar do leque? Quem serei? E tu, nêga? Olha pra ti! Esse teu coração quebrado tem ainda algum perfume? Aquele instante é este. Pausado. Feito ponte que não está nem antes nem depois mas é. Um pé aguardando ao lado do outro sem saber se será dele o primeiro movimento. Que rumo terá, esquerda? Direita? Para onde ir agora? Este momento! Este! Este segundo em que tudo se aperta querendo uma vez mais prender-se e tudo se solta querendo de uma só vez sair dali. Este.

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