Alimenta-se.
Paixão, alimenta-se. Disseste muito. E tuas palavras soaram, soaram novamente,
ficaram ali pairando, ecoando soltas noites e noites afora. Alimenta-se a isso,
sendo isso. A paixão das asas pelos vôos se dão. A paixão na espera da pétala
pelo primeiro raio. Contida no olhar que olha a fundo aquilo que ao mundo não
transparece. A paixão se tece na fina superfície da retina, na leve passagem da
pele sobre a outra. Existe. E, alimentada, revive, resiste, retorna, sobrevoa e
pousa. A paixão da luz acesa contra o breu da noite fria. O corpo quente que se
aproxima para oferecer calor. O beijo do vento sobre o topo verde. A nuvem que
passa deixando o azul à vista. A paixão é apenas olhar para cada coisa com
olhos precisados, precisos, carinhosos, gentis, atentos! Olhos que insistem em
achar sentido em ser o que são — mais!
Olhos esfomeados de si mesmos, dando nexo ao que são. Olhos que vêem
para que o resto sinta, possa, queira, seja, caiba, ocupe, pulse, lateje, ouse,
permita, vá.
Necka
Ayala
31/07/2018
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