Deve
ter sido alguma coisa nostálgica que veio de súbito. Por um instante fugidio
tive nas mãos uma recordação. Ela cheirava bem. Só não reluzia porque não havia
raio algum na cena breve. Deve ter sido uma lembrança de uma coisa querida que
há muito não aparecia. Macia, ela acolhia a pele das mãos, parecendo que queria
mais daquilo, daquele afago, daquela concordância. Será? Terá sido o que aquela
coisa repentina? Boa, ela era boa. Quis ficar ali por mais um tempo, mas havia
correndo em paralelo a coisa da razão que oferece a dúvida qual maçã
traiçoeira. Olhei de canto de olho para ela e a rejeitei. Deve ter sido uma
coisa dessas que chega para aventar esperança. Não sei o que era, mas quis que
fosse — duradoura, benfeitora, minha. E quis que quisesses que também te
pertencesse novamente. Essa aventura, essa mudança, essa bem-aventurança —
será? Essa candura, essa criança, essa ternura que o mal não alcança, pura!
Será?
Necka
Ayala
08/09/2018
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