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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Será?


Deve ter sido alguma coisa nostálgica que veio de súbito. Por um instante fugidio tive nas mãos uma recordação. Ela cheirava bem. Só não reluzia porque não havia raio algum na cena breve. Deve ter sido uma lembrança de uma coisa querida que há muito não aparecia. Macia, ela acolhia a pele das mãos, parecendo que queria mais daquilo, daquele afago, daquela concordância. Será? Terá sido o que aquela coisa repentina? Boa, ela era boa. Quis ficar ali por mais um tempo, mas havia correndo em paralelo a coisa da razão que oferece a dúvida qual maçã traiçoeira. Olhei de canto de olho para ela e a rejeitei. Deve ter sido uma coisa dessas que chega para aventar esperança. Não sei o que era, mas quis que fosse — duradoura, benfeitora, minha. E quis que quisesses que também te pertencesse novamente. Essa aventura, essa mudança, essa bem-aventurança — será? Essa candura, essa criança, essa ternura que o mal não alcança, pura! Será?

Necka Ayala
08/09/2018

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