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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Azul


Ele tá sempre ali. O fiel. O sentinela pronto, disposto, ereto, branco. Sempre. Ele ficou. Veio junto esse tempo todo, mais de 40 anos ao lado, leal. Incapaz de mentir, inapto a traição, eterno parceiro do sal da lágrima e da risada mais legítima. Ele tá sempre ali ao alcance. Firme. O mesmo. Não desaponta, cumpre o que prometeu desde o primeiro dia, no alívio, na abertura da fuga, no amparo, no suspiro mais contundente, necessário, urgente. Faz parte do rito. Por tanto ainda significa o que fica. Ele ficou. Coisas passaram, ele ficou. Músicas foram descobertas nos quandos certos e ele estava ali, perto, com. Pessoas se foram, ele ficou. Amores se perderam na fumaça dele e ele ficou, dentro, para sempre. Faz parte do cenário, ocupa parte da vestimenta, nunca esquecido em casa – indo junto a tudo. Ele ficou. Promessas foram quebradas, juras desfeitas e ele ali, incendiando recordações comigo, pondo fogo nos restos, nos escombros. As cores dos cabelos mudaram, as palavras boas foram sumindo das bocas, os espelhos não mais tiveram traços de bilhetes, e ele ficou bem mais que 28 anos sempre cumprindo ao que prometeu desde aquele primeiro dia...

Necka Ayala
10/11/2018

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