Ele
tá sempre ali. O fiel. O sentinela pronto, disposto, ereto, branco. Sempre. Ele
ficou. Veio junto esse tempo todo, mais de 40 anos ao lado, leal. Incapaz de
mentir, inapto a traição, eterno parceiro do sal da lágrima e da risada mais
legítima. Ele tá sempre ali ao alcance. Firme. O mesmo. Não desaponta, cumpre o
que prometeu desde o primeiro dia, no alívio, na abertura da fuga, no amparo,
no suspiro mais contundente, necessário, urgente. Faz parte do rito. Por tanto
ainda significa o que fica. Ele ficou. Coisas passaram, ele ficou. Músicas
foram descobertas nos quandos certos e ele estava ali, perto, com. Pessoas se
foram, ele ficou. Amores se perderam na fumaça dele e ele ficou, dentro, para
sempre. Faz parte do cenário, ocupa parte da vestimenta, nunca esquecido em
casa – indo junto a tudo. Ele ficou. Promessas foram quebradas, juras desfeitas
e ele ali, incendiando recordações comigo, pondo fogo nos restos, nos
escombros. As cores dos cabelos mudaram, as palavras boas foram sumindo das
bocas, os espelhos não mais tiveram traços de bilhetes, e ele ficou bem mais
que 28 anos sempre cumprindo ao que prometeu desde aquele primeiro dia...
Necka
Ayala
10/11/2018
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