A
esta hora os bonsais ficam bonitos. Se desnudam quando a noite pousa sobre a
folha e muda a cor que tinha antes. Silencia, tudo silencia diante da beleza. O
vento frio roda nas hélices. As roupas emboladas jogadas sobre a cama só. O som
das coisas ligadas e não há como nos conectar de novo, nunca, nunca mais. Nunca
mais os bonsais que morreram, vermelhos, laranjas, verdes. Nunca mais as
varandas. Um prego torto ali, me espera para recolhe-lo de seu não- destino,
juntar. O quarto espera sem graça. Um novo conforto se oferece meio que não
querendo ser o que fizemos dele. Óculos de múltiplas cores aguardam o próximo
passeio, para se combinarem com os panos que ainda servirem. As peles murcham e
se soltam. As dores chegam e denunciam. As horas passam e não sou nada. Nem és.
Nada consegue nos conectar, nunca mais. Pregos tortos, somos a não servir à
junções de compensados. A esta hora a fumaça é tudo que resta. E ela passa
pelos galhos e se vai, fosca contra o vidro embaçado. Talvez amanhã algo mude
definitivamente pelo bem de todos. Um milagre, uma alforria que a vida dê a
nós, escravos disso, dessa coisa sem paradeiro, insone e insana varando
madrugada; talvez não seja nada. Nada além de uma palavra curta e grossa, uma
só. Infinitamente só.
Necka
Ayala
20/11/18
Nenhum comentário:
Postar um comentário