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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Próxima


Está por aí em algum lugar, rua, viela, fila. Tem uma voz. E um olhar curioso sobre o que possa vir a ver ainda. Está por trás de uma vidraça de carro, talvez. Procura. Espera. Torce que veja. Tem um perfume. Exala. Solta rastro, deixa menção. Oferece de si. Está passando agora por algum lugar, rua, viela, fila, caminho. Anda. Vai. Não se permite paralisar – justifica ter pés. Tem mãos e são abertas, ambas e concordam sobre o que queiram. Tem sangue e ele se aquece um pouco ao imaginar pelo que será habitado em breve, quando encontrar, por quem. Que nome terá, como serão as suas mãos, as outras. Talvez pequenas e fortes, macias e ambas destras. Imagina. Pode. Segue por alguma rua, viela, fila, caminho, rumo, ruma! Está por aí contemplando ainda. E tem espaços, lacunas, vazios, vaga para outro, outra. Sente. Pode. Novamente sente que pode, que o tempo tratou da cura com calma e segurança. Se assegura de que sim, é tempo de ver o tempo passar depressa novamente, quando o peito acelera e os relógios vão junto. Vai junto com o que sonha. Vai, nunca para. Justifica ter sentidos – vê, observa, sente, tateia a direção, ouve aos instintos, crê; fareja coisa no ar, coisa que quer de novo na pele da mão, em toda pele. Imagina o gosto, tem lábios, tem língua. Procura os sons, tenta descobrir de onde estão vindo, de que lado, de que rua, viela, fila, caminho. De que lado. Intui esquerdo e vai. Sempre mais além. Quer. Por tanto, anda. Tem atitude. Faz. Refaz, se refez depois de tudo. Depois do nada. Cultiva, pode – tem mãos. Cultiva o próximo passo imaginando que talvez seja ali, no dobrar da esquina, na porta de algum bar, contra o balcão, em pé quem sabe, querendo ver também de volta. Não volta. Não pode. Não quer mais. Sabe. Aceitou e agora sabe. Simplesmente...suspira e sabe. Está por aí em algum lugar e tem esperanças boas, ilusões amigas, companhias líricas na jornada. Vai. Segue indo sempre mais além, mais um pouco – quem sabe num atalho sem trânsito. Importa ir. Tem certezas – quer. Já pode querer de novo querer. Com nova força, nova intensidade, um novo rosto para a tela, outra fotografia sobre a mesa de cabeceira, num canto da carteira e dentro, fora, na retina gravado. Tem indícios. Sente. Se confirma. Não chama ainda. Desconhece o nome. Mas sabe que terá poemas e noites insanas, mágicas. Imagina. Pode. Já quer. Só precisa continuar indo por alguma rua. Chove. A primeira gota atinge a testa. Para um pouco debaixo de uma marquise qualquer e espera. Mas quer seguir logo. Precisa. Deseja desejar de novo. Confere o ponto onde está. Está por aí, querendo andar de modo aberto às possibilidades, por algumas ruas, vielas, filas, caminhos, rumos...e, enquanto espera que a chuva passe, pensa: passa tempo que não passa!

Necka Ayala

13/06/2013

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