Se
18 tinham ido e todos voltado, algo queria dizer. Mesmo que cada ida contivesse
em si um motivador diferente. Mesmo assim. Foram 18 vontades, quereres, buscas
frustradas. Mesmo que cada um estivesse em tempos diferentes, ainda assim!
Voltaram. E isso tinha de querer dizer alguma coisa.
Não
se vai achando que a nada se pode encontrar, obter, ter. Nem que seja um
devaneio iluminado, uma fotografia perfeita, uma cena memorável. Souvenires.
Recordações de tempos perdidos, idos. Tinham ido, concluído viagens, mesmo que
cada uma por um meio – e eram navios, barcos, asas, carros, canoas. A verdade é
que retornaram por meios mais velozes e, essa pressa, continha uma mensagem
subliminar.
Não
se arrumam malas prevendo onde serão hospedadas as peças – se pretende usá-las.
O perfume para a noite, a loção de barba, a camisa que valoriza o peitoral –
foram 18 bagagens, enfim. Umas temporariamente em caixas de papelão imitando
móveis alternativos. Não tinham alternativa. Foram dispostos a tudo. Mesmo que
fosse apenas para provar daquela bebida nativa ou só para penetrar em terras
inexploradas, praias desertas, trilhas impossíveis. Quem sabe propor um costume
levado nas mãos como oferendas da terra natal, ofertar o novo por lá. Foram 18
regressos. Mas se terem ido com tamanha volúpia nos olhos, com tantas lentes
brilhantes prontas aos disparos, não os demoveu de desertarem, havia algo
errado naquele destino. Cidade deserta talvez. Bares vazios. O que teria havido
ou não havido era 18 vezes incógnito.
Não
se dispendem tempo e recursos para ir, visando a uma abreviação de jornada. Se
comunicam amigos, se compartilham planos, se preveem acontecimentos a serem
descritos um dia, quem sabe, caso voltassem. Mas voltar é diferente de
retroceder. E era como se 18 pares de olhos desavisados tivessem se deparado
com uma Antártida inteira quando buscavam, apenas, a neve suave e lisa. A
descida de montanha branca, deslizando livres seus pés e pernas devidamente viris
e protegidas.
Agora
pareciam 18 sobreviventes de canais a cabo. O que teriam vivido? O que teria esvaziado
os olhares que levaram ao sair? Pés encarangados, mãos vazias - nada trazido
para exibir nas escrivaninhas e mesas de escritório. Só o peso das malas
mudado: uns trouxeram sobre elas uma covardia recém descoberta e mapeada.
Outros chegaram perdidos como pós-abduzidos. Uns despatriados. Nenhum feliz,
nenhum querendo tentar novamente.
Necka
Ayala
02/05/13
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