Fui
a ti, porque da mesma forma como ia, me chamavas. A mesma intensidade tinham
meus passos e teus acenos. E fui ousando, vencendo meus muros erguidos com
cuidado, do mesmo modo que achaste fresta nos teus. Fui porque disseste Vem e tua voz era tesa, e meus ouvidos atentos,
abertos. Lá, varavas as horas a despeito dos ponteiros e eu ignorava o tempo
que pesava em meu corpo. Então desafiaste os povos, anunciaste a prontidão da
tua coragem, exibiste aos céus teu corpo em oferenda. Calaste a boca dos ímpios,
deixaste lá fora os outros mundos. Fui a ti, porque tinhas uma taça servida em
meu nome. E corri em tempo de evitar que derretesse o gelo que levava nas mãos.
Fui, porque me mandaste esquecer a tudo quanto residisse no passado, tanto
quanto queria que apagasses definitivamente o teu, imenso! E fomos mais do que
julgáramos possível numa única existência. Em um único instante vazio, numa
noite que a nada prometia, fui a ti porque chamavas. Abriste a porta. Dei meu
passo incerto na direção da tua incerteza espelhada. Mas era certo, estava tudo
certo e eras certa e eu era. E os deuses estavam certos em abençoar à palavra
encontro. Por isso fomos o que fomos, porque quisemos mais do que a tudo mais,
encontrar de nós mesmas a nós mesmas, finalmente libertas e auto-reveladas.
Necka.
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