Não
me basta o primeiro gole quando pretendo a embriaguez suave. Nem o primeiro
raio de sol se desejo que toda a pele mude de cor e me aqueça. Não me sacia a
primeira dentada do fruto, aquela que, sem graça e sem vontade não se continua.
Não me seduz da vida a vida que se disfarça, se acovarda – prefiro aquela que
se desembaraça e, ainda que não se dispa de todo, se insinua. Não me contento
com palavra rasa cujo gesto não concorde. Não me convence a meia-ação, a
meia-luz, o meio-termo. Sempre tive um coração todo ou nada. Mas não posso
contagiar a ninguém – não há como ensinar nada a ninguém. E se jamais te
contagiei com minha sede por mais, lamento por ti – pelo que deixas de ter.
Pelo que recusas sem teres tido, recuas sem teres sido, renegas de ti sem teres
pertencido. O tempo não pára para dar tempo aos cansaços, às covardias, às
desistências. Mestre, ele propõe que sigamos aptos a extrair do próprio sangue,
o sumo do que lhes move. E não se contém depois do primeiro gole dado. Desmedido
é tudo quanto valha a pena ser vivido.
Necka.
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