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domingo, 13 de outubro de 2013

Gole

Não me basta o primeiro gole quando pretendo a embriaguez suave. Nem o primeiro raio de sol se desejo que toda a pele mude de cor e me aqueça. Não me sacia a primeira dentada do fruto, aquela que, sem graça e sem vontade não se continua. Não me seduz da vida a vida que se disfarça, se acovarda – prefiro aquela que se desembaraça e, ainda que não se dispa de todo, se insinua. Não me contento com palavra rasa cujo gesto não concorde. Não me convence a meia-ação, a meia-luz, o meio-termo. Sempre tive um coração todo ou nada. Mas não posso contagiar a ninguém – não há como ensinar nada a ninguém. E se jamais te contagiei com minha sede por mais, lamento por ti – pelo que deixas de ter. Pelo que recusas sem teres tido, recuas sem teres sido, renegas de ti sem teres pertencido. O tempo não pára para dar tempo aos cansaços, às covardias, às desistências. Mestre, ele propõe que sigamos aptos a extrair do próprio sangue, o sumo do que lhes move. E não se contém depois do primeiro gole dado. Desmedido é tudo quanto valha a pena ser vivido.


Necka.

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