Talvez
seja, cansaço. Extremo. Todo ele. E é tanto que não importa mais que nome tenha
isso. Faltam forças para caçar palavras sob a escuridão da noite. Cansaço puro,
denso, abraçando cada parte que andava, subia degraus, alcançava o terraço e
dançava só contra a prata luz da lua cheia. Cansaço último, creio, dada a
passagem do tempo que a nada conserta, agora vês. Tem sido bom o aconchego
ímpar de qualquer coisa sobre a qual repouse o corpo. Mas lá, dentro, se eu
ainda fosse lá, voltaria à inquietude, à tensão de estar ciente de estar no
lugar errado, ao lado errado, à cena errada. Não é mais lá meu lar, meu canto,
não é. E não teria pernas mais para ir. Preciso apenas continuar assim, meio
que à deriva, indo a fim de completar um último ciclo de vida, coisa numérica,
numerológica, ilógica, mas necessária. Nada sabemos dos desígnios dessas linhas
inscritas nas mãos antes de virmos. Estamos todos a mercê do que ditam. Preciso
ir, flutuando sobre recordações esparsas, fitando os tetos que se aproximam a
cada dia mais de minha cabeça cansada, cansada, cansaço. Sim, é cansaço, todo
ele. Ainda por cima é verão...
Necka Ayala
Janeiro/2014
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