Sinto
fome de vida. Aquela vida que deixei tanto tempo à deriva enquanto o barco que
nem era meu, naufragava tonto, desvairado, confuso e perdido numa tormenta
infinita. A lembrança da paisagem que havia sido bonita um dia, me levava e eu
ia. Ia confiante oceano afora, sem perceber que adentrava em tempestade. Agora
sinto fome de vida. Aquela pulsante e ritmada, conduzida por quem leva o
coração tomado da coragem embarcada. Aquela, navegante de águas festejadas,
imbuída de vontade plena e revelada. Sinto fome das coisas comungadas, da força
dos braços em pares rumando à manhã seguinte; aquela manhã em que todas as
varandas dos faróis se entreabrem mostrando o róseo tom do horizonte. Tenho
todas as certezas renovadas, o eixo, o centro, o prumo e o leme repostos nos
lugares. Tenho uma falange do bem que me empurra adiante. Um poema a fazer para
a nova amada que anuncia sua vinda em breve e para sempre. Sinto fome de vida
ao lado dela. A sereia das águas emergindo, vindo à tona chamar pelo meu nome,
num cantar que me leva e ele, é lindo!
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