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sábado, 14 de janeiro de 2017

Sereia

Sinto fome de vida. Aquela vida que deixei tanto tempo à deriva enquanto o barco que nem era meu, naufragava tonto, desvairado, confuso e perdido numa tormenta infinita. A lembrança da paisagem que havia sido bonita um dia, me levava e eu ia. Ia confiante oceano afora, sem perceber que adentrava em tempestade. Agora sinto fome de vida. Aquela pulsante e ritmada, conduzida por quem leva o coração tomado da coragem embarcada. Aquela, navegante de águas festejadas, imbuída de vontade plena e revelada. Sinto fome das coisas comungadas, da força dos braços em pares rumando à manhã seguinte; aquela manhã em que todas as varandas dos faróis se entreabrem mostrando o róseo tom do horizonte. Tenho todas as certezas renovadas, o eixo, o centro, o prumo e o leme repostos nos lugares. Tenho uma falange do bem que me empurra adiante. Um poema a fazer para a nova amada que anuncia sua vinda em breve e para sempre. Sinto fome de vida ao lado dela. A sereia das águas emergindo, vindo à tona chamar pelo meu nome, num cantar que me leva e ele, é lindo!



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