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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Ia. . .

Então, ela chegaria de repente. Traria nas mãos abertas a oferenda do nada, aquele que, sem palavras, diria: daqui, o todo faremos juntos. Entraria sorrindo um largo e transparente sorriso de quem sentiu saudades e veio. Sorriria porque veio, finalmente. Então ela proporia plantar flores no jardim chamando anjos. Atrairia borboletas, abriria janelas aos ventos, pondo a lua para ornar a vista. E ela seria, assim, a fim da vida. Convidaria, se mostraria próxima das coisas encantadas pois teria afeição a elas simplesmente. Vestiria panos brancos sobre o corpo diante das varandas de novo e de novo, na confirmação da própria liberdade. Então ela apenas silenciaria para tudo que fosse denso e duvidoso. Mas falaria disposta e benfeitora, sobre tudo que fosse lindo cometer em par, expandindo e aumentando a sedutora presença do que é bom em si. Alimentaria aos desejos e deixaria os medos morrerem à míngua. Viveria o Todo do beijo, com calma e sem hesitação, sem pressas, sem ponteiros. E se alguma sombra oferecesse morada, ela viria aberta e diria: podemos agora, imediatamente, abrir mais luz ao nosso entorno? Não — ela jamais traria de fora as coisas feias do mundo, nem as lâminas, nem as bagagens pesadas, nem as culpas. Traria esperanças, futuro! Abençoaria quem a abençoa. Acariciaria quem a espera, pois sentiria na pele a existência plena do apreço. Então ela seria aquela que pode ceder pois quer o resultado que vem depois, a conquista feita, concluída no próprio leito. Não — ela não seria uma que impõe suas regras e ergue seus muros, nunca! Ela viria alada, não arrastando correntes. Ela chegaria solta, não algemada ao passado. E seria linda assim, quanto mais sentisse. Então, ela viveria e tudo mais também, florescendo novo diante do primeiro raio da próxima manhã.

Necka Ayala

19/05/2017

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