Que
fossem, todos, cruéis algozes; que fossem perseguindo à alma infantil e pura
que apenas ia, indo, correndo estrada, perdendo a tudo sem notar que perdia a
tudo, sempre, outra vez e mais uma. Que fossem eles desasistindo ao teu
crescimento sem dar noção e teor aos teus aprendizados. Que fossem tontos,
desvairados correndo atrás dos ferros brilhantes e vazios. Que estivessem,
todos eles, deslumbrados com coisas e objetos sem valia e que disso seduzissem
teus olhos mirins. E que deixassem que acreditasses que o teu futuro seria
assim, por esses meios, um ponto de chegada deslumbrante também. Que fizessem
cegueira em si mesmos, não percebendo ao que criavam, não conhecendo ao que tu
desejavas em teus calados sonhos. Nem sabiam ao que pedias pulando as ondas.
Que fosse! Que fossem todos eles aparentemente gentis sentinelas da tua
felicidade, ainda que não fizessem ideia sobre o que se tratava a tua
felicidade. E que ao fim, quando a encontraste, que fossem eles os ceifadores
dela em ti. Mas não — o que não posso compreender é que justamente quando eras
tu, tu mesma, tenhas consentido que assim fossem e te tornassem um membro a
mais da mesma infantaria. Que fossem eles os reais carcereiros, aceito. Mas que
tenhas simplesmente te calado diante disso, não.
Necka Ayala
17/05/2017
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