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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Tua Boca Doce e Minha . . .

Sim, tenho a boca adoçada, é verdade. Hoje sei. Foram os Magos, foram as Fadas, foram os Deuses que me ofereceram suas taças cheias de poções. Eu? Eu aceitei. E tive assim os lábios encantados e doces para sempre. Eu quis. Bebi. Sorvi cada gole acreditando, acreditando, indo, mais adiante, com mais vontade a cada vez, bebi sim! Eu aceitei. Era bom sentir na fina pele o fino cristal que vinha trazer a próxima gota aveludada cor de vinho. Eu aceitei. Eu quis. Eu tive! Tive a boca liberta, aberta, adoçada até agora e certa! De súbito aconteceu a embriaguez leve, os olhos caindo um pouco, o corpo solto. A noite vinha, uma primeira. Degraus, escada acima e, sem saber, subia para o infinito que me esperava desnudo — eu? Eu fui. Eu quis. Eu tive. Nada me ocupava a mente — eu nem tinha uma. E é bom não ter razão alguma, para que? Para que ela corte a cara linda dos teus sonhos com fatos e argumentos? Para que? Eu? Eu não! Eu sinto e sou. Eu posso e sou. Sim, tive o encantamento porque aceitei assim, ser outra, uma única que atravessa os tempos de tempos em tempos e se refaz na mesma feitiçaria: o toque de outra boca que aceita encantar-se no que sobrou sobre meus lábios desde aquela vez. Sim, tenho a boca doce ainda. E dela não sai palavra que minta, não sai passado que pese, não vem calar que não deixo! Eu sinto muito, eu sei. E quem recebe o que sinto não pára de querer mais e nunca tem que chegue se não souber ser também. E eu? Eu rio! Rio muito depois que a porta bate. Rio da desgraça dos racionais, da solidão dos covardes, do amargo gosto que fica nos lábios de quem não tem. Eu? Eu sou a divina presença sendo toda eu.

Necka Ayala

19/05/2017

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